“Fui um drogado!”

Fui um drogado.
(*) Antonio Carlos Santos Rosa
Por muitos anos amarguei a odisseia do sofrimento.
Sei agora que o inferno existe, pois convivi com ele durante muito tempo.
Minha origem era de uma família feliz.
Meus pais constituíram um casamento assentado no amor.
Proporcionaram aos filhos uma educação forjada na moral cristã.
Éramos uma família abençoada pelos esforços e carinhos de nossos pais.
Como meus irmãos e, como tantos outros, cresci e na adolescência, decidi iniciar lentamente minhas experiências.
Primeiro, foi o cigarro que fumava longe de casa com outros aventureiros.
Procurava imitar os heróis dos filmes nos cinemas com suas baforadas que inundavam as telas.
O tempo foi passando e o cigarro perdendo seu encanto, já não era mais charmoso fumar, algumas meninas não gostavam do cheiro e da fumaça do cigarro.
Passei com outras companhias ao desafio do álcool.
A variedade de sabores me encantavam desde a mais inocente mistura até as mais fortes.
Nada disso atrapalhava minha vida educacional. Conclui o segundo grau e entrei em uma Faculdade na busca de um curso superior que, apesar das bebedeiras, conclui.
Meus pais, sabiamente me aconselharam a afastar-me do vício da bebida e de forma desdenhosa, disse-lhes que mesmo sendo usuário das bebidas mais pesadas, era portador de um diploma que me abria as portas de uma profissão.
Mais uma vez o tempo, inexoravelmente rolou e o álcool cedeu seu lugar as drogas pesadas.
Já não havia hora para cheirar, cheirava quando a vontade exigia, usava em qualquer lugar a qualquer hora. Perdi a vergonha.
Aconselhado no trabalho, orientado por profissionais especializados não venci o vício e, talvez não tivesse vontade de vencê-lo.
Fui aos poucos descendo na sociedade, fui internado em clínicas famosas e, sempre que podia, fugia na busca do maldito vício.
Fui usuário e depois traficante entrando na esteira interminável das drogas.
Conheci ainda, com alguma lucidez, o inferno e seus hospedes.
Certa ocasião, por uma graça divina, lembrei-me de meu lar, de meus pais, meus irmãos e outros familiares e, chorei muito em um porão de um prédio abandonado e pleno de imundícies.
Desesperado pelo remorso tomei uma superdose e apaguei.
Durante muito tempo vaguei por uma grande escuridão. Pedia, berrava por alguma dose, sempre sem retorno. Foram períodos de grande sofrimento e muita dor.
Certo dia, exaurido e transformado em um zumbi, olhei-me em um espelho em minha frente.
Gritei apavorado pelo quadro que vi. Era um monstro pior daqueles dos filmes de terror.
O choro veio como um desespero. Já não tinha mais lágrimas, elas secaram.
Quando a desesperança bateu em meu coração, lembrei-me de Deus, das lições cristãs ouvidas de meus pais e gritei bem alto: Senhor, por favor perdoa este teu filho que perdeu-se no emaranhado das ilusões materiais. Amado Jesus vós que sois o Pastor de todas as Ovelhas, ouça o apelo desta ovelha perdida.
Algum tempo depois que não posso precisar, ouvi uma voz firme: levanta-te que vamos te auxiliar. Teus apelos foram ouvidos.
Depois a suave e carinhosa voz de minha mãe: filho, Deus em seu infinito amor atendeu as nossas orações, venha conosco.
Por longo tempo fui alvo de carinhoso tratamento. Hoje estou livre dos vícios por consciência própria. Sou um novo ser que se livrou de um passado terrível, Dantesco.
Não culpo a ninguém. Tudo que cometi foi de minha inteira responsabilidade. Prometi aos meus pais e aos meus protetores que me dedicaria a alertar aqueles que como eu acreditei, ainda acreditam na falsa felicidade pela DROGA.
Este é meu depoimento sincero, verdadeiro e esperançoso, augurando que este texto seja lido por aqueles que ainda vivem na ilusão da falsa felicidade.

(*)Mensagem psicografada em 22 de Janeiro de 2022

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