Padre Germano, um amigo do Cristo

Padre Germano foi um sacerdote da Igreja Católica que viveu entre os séculos XVIII e XIX, na região do norte da Espanha, próximo ao litoral do Mar Mediterrâneo. Nessa existência quis, por dever, viver o sacerdócio do Cristo. Consagrou-se à consolação dos humildes e oprimidos, ao mesmo tempo em que desmascarava os hipócritas e falsos religiosos da Igreja Romana.

Tal conduta lhe causou muitos dissabores, cruéis insultos, perseguições e até ameaças de morte. Vítima dos superiores hierárquicos, ele foi enviado para uma obscura aldeia, onde viveu exilado longe das grandes cidades.

 “Mas seu carisma logo  se espalhou por toda a região, e as pessoas das grandes cidades passaram a procurá-lo em sua pequena aldeia, devido à fama de sua “santidade”. Desses encontros, quase sempre ocasiões de confissões, Padre Germano conheceu as misérias humanas e viu nestes seres, não pecadores, mas Espíritos doentes, necessitados, quase sempre, de orientações corretas e de oportunidades para reorientarem suas vidas”, relata Orson Peter Carrara nos seus estudos sobre a vida do Padre Germano.

Entre as memórias ditadas ao médium falante, Eudaldo Pagés, e registradas e publicadas por Amália Domingo Y Soler[1], no final do século XIX, o padre, então já desencarnado, relatou que houve uma mulher em sua vida, a qual amara sem jamais tocá-la. Mesmo a jovem tendo se declarado a ele nas quatro vezes em que se encontraram, manteve-se fiel aos votos sacerdotais daquela encarnação. A moça chegou a se casar, porém, morreu jovem, vitimada pela peste. O Padre Germano acompanhou seus últimos momentos e lhe providenciou a sepultura: “Foi junto da sua campa* que compreendi o valor da Reforma Luterana, e regando as plantas que lhe davam sombra foi que se me dissiparam as sombras da imaginação.”.

Uma curiosidade relatada nas memórias do padre era o seu cão Sultão, que, surpreendentemente, o guiava a lugares desconhecidos onde sempre havia uma pessoa necessitada ou em sofrimento. Nunca se soube o mecanismo pelo qual o Sultão descobria tais lugares, mas ele cumpria muito bem a sua missão de auxiliar e guiar o padre.

O Espírito Germano é o Mentor Espiritual do Instituto Espírita Amigo Germano. A sua aproximação ocorreu na década de 1940, por meio da mediunidade de Arthur Carneiro, um dos fundadores da instituição, que se reunia com outros médiuns na sua casa para estudar e praticar a mediunidade.  O grupo refletia sobre a possibilidade de fundar uma casa espírita, quando o espírito de Germano começou a se manifestar, demonstrando apoio e incentivo à realização do projeto. Pelos relatos documentados nas reuniões mediúnicas, o Espírito Germano manifestou-se até meados da década de 50, época em que o Amigo Germano já era uma realidade no trabalho da caridade e do amparo espiritual e, além do centro espírita, também havia fundado a sua escola de educação infantil.

Já se passaram sete décadas e o Amigo Germano mantém firme o propósito de propagar a mensagem do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da Doutrina Espírita. E em nome dela, acolher, consolar e esclarecer àqueles que buscam auxílio, além de incentivar o desenvolvimento humano e a evolução do espírito, promovendo o acesso gratuito à educação infantil básica e os estudos doutrinários na casa espírita.

[1] Amália Domingo Y Soler foi uma fiel divulgadora do Espiritismo que, em abril de 1880, começou a publicar os relatos mediúnicos do Padre Germano, no Jornal Espírita A Luz do Porvir, sob a forma de novela, anos mais tarde, em 1900, reuniu-os no livro Fragmentos das Memórias do Padre Germano
*campa é sinônimo de sepultura.