Amai os vossos inimigos

Texto de Antonio Carlos Santos Rosa – escritor e orador espírita

O Capítulo XII do Evangelho Segundo o Espiritismo traz em seu conteúdo uma proposta, um desafio e uma orientação para todos quanto desejam seguir os passos do Mestre Jesus, conforme nos orienta Allan Kardec, neste belo e significativo texto que inicia lembrando Mateus:

Photo by Evan Kirby on Unsplash

Aprendeste que foi dito: Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filho de Vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova para os justos e injustos.

Mateus Cap. V, Vers. 20

Nosso Mestre deixou esta diretriz-mensagem, através do evangelista, a qual orientaria a  todos de sua época, principalmente,  seus pares que viviam em um contexto eivado de guerras e de grande turbulência social. Serviria ainda para todo sempre, porque evidencia o sublime princípio da caridade a ser abraçado por aqueles que aspiram seguir suas luminosas pegadas. 

A pergunta que pode ser feita é: será que temos inimigos? Segundo o Prof. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira em seu Novo Dicionário da Língua Portuguesa, inimigo expressa: hostil, adverso, contrário. Pertencente a um grupo, facção ou partido oposto. Que prejudica ou causa dano. Aquele que odeia ou detesta alguém ou algo. Que prejudica, que causa dano nocivo.

Lidar com o conflito no campo das ideias como forma de concepção pessoal faz parte de nossos desafios diários, pois adversidade, hostilidade, contrariedade são enfrentamentos cotidianos em nossas vidas e quando tratadas com sabedoria evangélico-doutrinária aprendemos a superar, de forma gradativa, mais este obstáculo em nossa trajetória, agregando assim, valor a nossa caminhada para a espiritualidade. 

Quem seriam então nossos inimigos?  O texto evangélico nos leva a duas concepções: aqueles que criamos em encarnações anteriores e os outros que construímos na atual passagem, independente das origens e das razões.

Sejam quais forem nossos opostos, sejam quais forem seus argumentos, uma norma de conduta deve ser inserida em nosso comportamento, ou seja, aquela que nos orienta para o perdão, indulgência e beneficência, porque amar aos nossos inimigos segundo o Evangelho de Jesus, em seu Capítulo XII:

Amar os inimigos é a mais sublime aplicação do princípio da caridade, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançada contra o egoísmo e o orgulho.

Amar aos inimigos significa ser benevolente, perdoando a todos que tentam nos atingir pelas mais diversas razões; é não guardar rancor, nem ódio, nem desejo de vingança,  até porque seus ataques  não serão julgados por nós, mas pela Justiça Divina quando eles mesmos enfrentarão suas consciências no plano da verdade.

Na Obra de Emmanuel, Pão Nosso, psicografada por Francisco Candido Xavier, Lição 120, intitulada Conciliação, o autor nos lembra:

Se o adversário é ignorante, medita na época em que também desconhecias as obrigações primordiais e observas se não agiste com piores características; se é perverso categoriza-o a conta de doente e dementado em vias de cura. Faze o bem que puderes enquanto palmilhas os mesmos caminhos.

Na mesma obra, Lição 139, afirma:

Quando o Senhor nos aconselhou amar os inimigos, não exigiu aplausos ao que rouba ou destrói, deliberadamente, nem mandou multiplicarmos as asas da perversidade ou da má-fé. Recomendou, realmente, auxiliarmos os mais cruéis; no entanto, não com a aprovação indébita e sim com a disposição sincera e fraternal de ajudá-los a se reerguerem para a senda Divina, através da paciência, do recurso reconstrutivo ou do trabalho restaurador. O Mestre, acima de tudo, preocupou-se em preservar-nos contra o veneno do ódio, evitando-nos a queda em disputas inferiores, inúteis ou desastrosas.

Emmanuel, em sua profunda sabedoria construída através de inúmeras encarnações prescreve: só há um caminho a seguir em nossa jornada é aquela estrada edificada por Jesus que nos deixou como maior mandamento a Lei do Amor, que determina: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma e de todo teu espírito; Amarás teu próximo com o a ti mesmo.

O Evangelho nos lembra ainda que os nossos maiores inimigos, qual sejam aqueles que tentam nos agredir, atingir nosso equilíbrio e desviar nosso rumo na direção da  recuperação espiritual, são: orgulho, vaidade, egoísmo, inveja, ingratidão e ignorância. A esses devemos toda a nossa atenção na medida em que avançamos no  dia a dia, nas  relações com familiares, nas atividades profissionais e fundamentalmente na relevante e nobre tarefa de trabalhador da Seara do Mestre que nos enche de esperança e alento.

Mateus no Capítulo 5, Versículo 25 nos alerta:

                        Concilia-te depressa com teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao Juiz, e o Juiz te entregue ao Oficial e, te encerrem na prisão.

3 thoughts on “Amai os vossos inimigos”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *